
A dura vida está apertar milhares de famílias carentes em Luanda. Vários pais tudo fazem de formas que o pão no final do dia não falte aos filhos, porém, também muitos nada fazem, ou seja, na falta de emprego mergulham no mundo do alcoolismo. O Angola-Online traz a partir de hoje, semanalmente, a radiografia denominada “Em Busca pela Sobrevivência”, um retrato real da vida social na capital e outras paragens de Angola.
É a partir das 7 horas da manhã, que menores com idades compreendidas entre os 10 e os 15 anos, se concentram defronte a administração distrital de Camama, município do Kilamba Kiaxe, em Luanda, para mais um dia de caça às moedas.
Com altifalantes e outros tipos de objectos metálicos revestidos de íman atados numa corda, tida como a máquina de colecta, afinam e traçam a rota a seguir na busca por mais um dia de caça.
Andam quilómetros a pé, como conta Fábio, às vezes saem de Camama até a ao Luanda Sul, município de Viana, isso quando “o dia está fraco”, outras até ao Calemba II ou Golfe II.
“Não ficamos cansados, estamos habituados com isso. É uma brincadeira que nos dá dinheiro”, conta o adolescente, de 13 anos, cujo pai é segurança e a mãe vendedora ambulante.
A maior parte dos meninos metidos na caça às moedas os pais não têm emprego formal. Segundo contam, é a via mais fácil de conseguir algum dinheiro. Nos dias que a sorte bate a porta cada um pode colectar até o fim do dia mil a 1.500 kwanzas, dinheiro que serve para comprarem comida e outras apetências de criança.
No grupo de sete meninos encontrados defronte a administração de Camama, cinco contam estão a estudar numa escola pública enquanto os restantes dois nas famosas “explicação” porque os pais não têm condições de pagar a propina numa escola privada.
Sem receio da covid-19, inocentemente continuam com a caça nas várias zonas da capital com a máscara sob o queixo. Tudo na tentiva de colher moedas metálicas deixadas cair sem querer pelos transeuntes.
“Vejo pela televisão que a doença mata, só que, se eu não procurar moeda vou passar o dia com fome porque a minha mãe traz a comida a noite depois de vender”, conta Oli, residente no bairro Iraque.
É assim que estas crianças buscam pela sobrevivência nas ruas de Luanda enquanto outras procuram por alimento nos contentores de lixo, como se observa na centralidade do Kilamba, Vila de Viana e outras zonas urbanas.
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