Catherine Nakalembe, a cientista ugandesa da NASA usa satélite para estimular agricultura
Como uma entusiasta jogadora de badminton, a ugandense Catherine Nakalembe queria estudar ciências do desporto na universidade. Mas, o fracasso em obter as notas exigidas para um subsídio do governo colocou-a no caminho que a levou à NASA. Ganhou ainda um relevante prémio de pesquisa em alimentos.

Catherine Nakalembe ganhou o prémio Africa Food Prize, em 2021, por um trabalho pioneiro em que usou imagens de satélite para impulsionar a agricultora.

Quando Catherine Nakalembe tentou explicar a um fazendeiro de Karamojong, no nordeste de Uganda, como as imagens tiradas de satélites, a centenas de quilómetros acima da Terra, se relacionam com seu pequeno terreno, ele riu.

Embora ela usasse as imagens em alta resolução no trabalho pioneiro para ajudar os agricultores e os governos a tomarem melhores decisões, a cientista ainda precisa trabalhar para aprimorar os dados. Em outras palavras, do espaço você não pode dizer a diferença entre grama, milho e sorgo.

"Por via de um tradutor, disse ao fazendeiro: quando olho os dados, vejo apenas o verde. Eu imprimi uma foto, que lhe mostrei. Ele então foi capaz de entender que é preciso visitar a fazenda fisicamente para fazer essas distinções”, disse a pesquisadora à BBC.

Ela é uma mulher de fala mansa e um comportamento radiante. É difícil imaginá-la a caminhar por horas no calor do semi-árido do Karamoj, à procura de descobrir as distinções granulares que só podem ser detectadas no solo. Isso ocorre especialmente em importantes regiões agrícolas dominadas por pequenos proprietários que podem plantar safras diferentes em épocas diferentes do ano, levando a um grande número de variedades. Essa complexidade torna quase impossível o monitoramento para a maioria das autoridades.

Professora na América

Catherine Nakalembe, professora assistente do Departamento de Ciências Geográficas da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, usa os dados de satélite para estudar a agricultura e os padrões climáticos. Essas informações são combinadas com dados  recolhidos "in loco” sobre as safras e suas condições para construir um modelo que aprende a reconhecer padrões para ajudar a fazer as análises.

 Foi isso que lhe deu o Africa Food Prize (Prémio Alimentos da África 2020, em tradução livre), ao lado de André Bationo de Burkina Faso, pelo trabalho dele com fertilizantes. A cientista, que também chefia a secção africana do Programa de Alimentação e Agricultura da NASA, explica: "Do ar, dá para ver qual área é construída, se está limpa, se tem vegetação ou água. Também podemos dizer o que é terra cultivável e o que é floresta. Como temos um registo de 30 anos de como se parece uma terra cultivável, podemos dizer o que é saudável, o que não é ou qual parte melhorou.”

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