BPC se desfaz de acções em cinco empresas
O Banco de Poupança e Credito (BPC) colocou à venda a participação financeira que detém em cinco sociedades comerciais, incluindo a participação de 15% que possui na empresa Brigada de Construção Militar (Bricomil).

A informação consta no mais recente relatório e contas do banco público, referente aos primeiros seis meses de 2020. No documento, o BPC indica estar a alienar ainda a participação de 10% que detém na empresa de exploração petrolífera ACREP, além de outras três posições, nomeadamente a de 4% que possui no Estaleiro Naval de Luanda (ENAVE); de 5% na empresa agrícola Sagripek, S.A e de 25%, na empresa de bebidas Xadu, New Beverage, S.A.

Até 30 de Junho de 2020, o BPC detinha participações financeiras em 12 sociedades, avaliadas ao custo de aquisição de 2,6 mil milhões de Kwanzas, segundo declara o banco que continua a deter o controlo das companhias “Fénix – Sociedade Gestora de Fundos de Pensões”, com uma participação de 99%, da “Mundial Seguros”, no sector financeiro não bancário (com 72% do capital) e da sociedade “BPC- Imobiliária”, no sector não financeiro, detendo 92% das acções.

O BPC, que tem estado a passar por um processo de reformas, prevê no seu Plano de Recapitalização e Reestruturação (PRR) a implementação de um plano de desinvestimento em negócios non-core e a alienação de activos imobiliários, que permitam a realização de liquidez e a concentração de esforços no negócio bancário. Das 12 empresas participadas, o banco público esclarece que seis não têm qualquer actividade económica e que duas funcionam parcialmente, “tendo maior parte delas pouco potencial de alienação, devido sobretudo ao facto de a maior parte  delas registarem capitais próprios negativos e, por conseguinte, apresentarem grandes necessidades de capital.

De acordo com o banco, algumas das suas participadas estão inseridas em mercados saturados, sem potencial de crescimento, tendo destacado também que a maior parte delas possui activos com pouca qualidade e passivos expressivos, principalmente com o próprio BPC. Ao abrigo das reformas em curso, o banco público foi recentemente recapitalizado com 591 mil milhões de Kwanzas, valor garantido quase que exclusivamente por títulos de tesouro, alguns não indexados, tendo a capitalização em numerário sido de apenas 15 mil milhões de Kwanzas, garantido pelo novo accionista, o Instituto de Gestão de Ativos do Estado (IGAPE, com 37,3% de participação).

Segundo consta, o Plano de Recapitalização e Reestruturação, em curso, será implementado nos próximos três anos e prevê que serão necessários 880,1 mil milhões de Kwanzas para capitalizar o banco, sendo que deste montante, 163,7 mil milhões de Kwanzas deverão ser garantidos pelo seu maior accionista o Ministério das Finanças, sob forma de títulos, enquanto o IGAPE injectou 396 mil milhões em títulos, além dos já referidos 15 mil milhões, em numerário.

Segundo um dos administradores executivos do banco, Victor Cardoso, em recentes declarações à imprensa, das 12 participações financeiras detidas pelo banco, somente cinco é que apresentam alguma viabilidade. “Tudo o resto são empresas que umas nem saíram do papel, outras não têm qualquer actividade económica, encontram-se em situação de falência técnica e outras até já declararam falência”, frisou. Das participações que têm alguma viabilidade, o responsável destacou a Mundial Seguros, paalém da companhia petrolífera CREP, na qual o BPC tem dois tipos de exposição, nomeadamente de accionista e credor.

Elucidou, por outro lado, que, em relação a estes activos, em particular, está a ser preparado um processo de alienação em bolsa, em leilão. Relativamente à BPC Imobiliária, Victor Cardoso considerou delicada a sua situação, necessitando de uma injecção de capital “muito grande”, sendo a opção a liquidação de activos da sociedade. “A empresa não tem autonomia financeira, alguns custos são suportados pelo próprio banco”, disse.

O administrador informou que o banco tem, igualmente, um plano de alienação de imóveis, acumulados ao longo da sua existência para suportar a actividade bancária e para atender as necessidades dos trabalhadores. “O certo é que o banco tem muitos activos imobiliários e a própria BPC Imobiliária. Fizemos um plano de alienação de imóveis e dentro em breve esperamos materializá-lo com a venda dos primeiros 40 imóveis, via leilão online, e para dinamizarmos esse processo o banco nalguns casos estará disponível para conceder crédito à habitação”, explicou.

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