Ravinas continuam a varrer residências em Viana
Mais de 500 famílias podem perder as suas casas no bairro Caop B em Viana, por causa das ravinas que já há muito tempo têm tirado o sono dos moradores da zona

Várias pessoas já perderam as suas residências, e outras tiveram que abandonar as suas próprias residências por constituir um eminente perigo as suas vidas, e encontram-se a viver em casas de renda, as ravinas na zona da Vala como também é conhecida já ceifaram a vida de muita gente nos últimos tempos.

Quando chove os moradores são obrigados a ficarem ao relento, e não podem fazer a travessia de um lado ao outro, para não correrem o risco de serem levados pelas fortes correntes de água. Com as chuvas que se avizinham e têm assolado a província de Luanda, as ravinas podem se alastrar, e novas podem surgir no bairro, situação que tem preocupado os moradores.

Agastada com a situação dona Domingas Fernandes, residente há 13 anos na Caop B, conta que quando veio residir na zona não havia ravinas, e fez saber que os terrenos foram distribuídos pela administração local e que não construíram na passagem natural das águas. ’’As ravinas foram surgindo até chegar no estado actual. Do mesmo modo que o Governo deu-nos as parcelas de terra, é do mesmo jeito que resolveria a nossa situação, como é possível o município de Viana acolher moradores de outros municípios em áreas seguras, e nós como moradores do município na área de risco não somos realojados?’’. Desabafa.

Inocentes e por vezes desconhecendo o perigo, as crianças fazem da vala o seu carrossel, aos gritos, sorrisos e numa pura adrenalina deslizam com seus bidons de um lado ao outro como se fosse um escorrega, muitos chegam a se magoar como nos confirmou o pequeno Daniel de 8 anos de idade. 

No final do ano passado três crianças quase que perdiam a vida quando brincavam na vala, e uma parte da mesma desabou, graças a intervenção dos moradores que desenterraram de imediato as mesmas, e levaram-nas de urgência numa das unidades hospitalares mais próximas.

Um clima de medo, vive dona Rosa Alberto e outros moradores, com a casa a centímetros da vala dona Rosa fala que só continua na sua residência por não ter onde ir. Por outro lado, o jovem Domingos João, órfão de pai, lamenta o cenário em que vive, e sabe que viver perto do lixo e das moscas é prejudicial a saúde, por ser a única casa deixada pelo pai não tem escolhas por isso tem de aguentar.

Vários governadores que passaram pela cidade de Luanda já visitaram o local e sempre prometeram reverter o quadro, no final do mês de Dezembro do ano transacto, o antigo Administrador de Viana Mateus Caterça, e o ex-Governador de Luanda, Graciano Domingos visitaram o local, ‘’prometeram pôr passagem aérea para facilitar a deslocação de um lado ao outro enquanto criam-se as condições para o realojamento, mas não chegaram até as zonas mais críticas’’, conta o sr. João, que diz ainda que ‘’se fizessem uma visita em todo sector, os dirigentes ficariam muito comovidos e preocupados com a situação’’.

Segundo os moradores, já há quatro anos que as casas foram cadastradas, até ao momento nem água vai nem água vem (não têm uma resposta), a chuva é que vem sempre e deixa cair as residências com as fortes correntes da água e se agudizam as ravinas.

Como quem não tem barata caça com pulga, para evitar dissabores os moradores têm entulhado a vala com areia e lixo, que é a causa do cheiro nauseabundo, e o exército de moscas e mosquitos na zona, que por sinal esta ser afectada por um surto de malária e disenteria.

A vala tem servido de quartel-general dos malfeitores, que violam, fumam e guardam as coisas roubadas dentro da mesma, a delinquência é uma das dores de cabeça dos moradores, numa zona que quase nunca existiu policiamento.

A falta de água potável é um dos problemas que assola os moradores do bairro da Vala, que percorrem longas distâncias, com o carro-de-mão e bidon à cabeça para poderem fazer a travessia de um lado ao outro, à procura do precioso líquido.

A nossa equipa tentou contactar o coordenador do bairro Caop B, mas não obtivemos sucesso.

Redação

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