Filhos de dirigentes africanos ostentam pela Europa, enquanto em seus países o povo morre de fome
Isidro Fortunato: Navegando nos depoimentos de Floyd Mayweather " Eu não sou Afro-Americano, não sou Africano, eu sou Americano."

Vou ter que concordar com Floyd Mayweater, em entrevista quando diz que não é Africano, não é Afro-Americano e que é simplesmente Américano, ser parte de uma Nação é uma construção que incorpora diversos aspectos que incitam o orgulho e o patriotismo, e sim, o Floyd está orgulhoso de ser Americano, tem suas razões.

América lhe deu oportunidades que nenhum Governo Africano, até hoje deu a nenhum atleta Africano, Floyd Mayweather na América esta vivendo o "Sonho Americano", você precisa entender também que a imagem que os actuais Governos Africanos projectam para o mundo é muito negativa, esta imagem não permite que os Africanos na Diáspora se orgulhem de África, é só Guerra, Cleptocracia, corrupção, miséria, ditaduras, fraudes eleitorais, fome, desemprego, instabilidade política e social, luxúria de uns ligados ao poder político, e miséria da maioria, na verdade governos Africanos têm agido como verdadeiros elementos cancerígenos no tecido regional Africano.

No entanto, quando os Governantes Africanos visitam países europeus ostentam uma luxúria incompreensível que contrasta com a miséria que os europeus exibem nas cadeias televisivas na Europa, não que isto não seja a verdade, mas isto mostra bem que África vive em estados Pro-cleptocráticos, com falsas democracias, onde o poder político se concentra em um misto de gangstarismo e militarismo. A que deveria edificar o continente é expropriada, por olhar a Europa como um sonho a conquistar, ninguém está a ser instruído para ficar e lutar por África, porque ninguém se orgulha do que África se tornou um continente empobrecido, governado por homens que sonham com a Europa, lideres que vestem como Europeus, comem como Europeus, vivem como Europeus, e Governam como Europeus mas não os actuais Europeus, os novos lideres de África governam como predadores coloniais.

Até hoje Africanos são forçados a encarar a Europa e a América como El Dourado, as imigrações de Africanos falam sobre isso, as embarcações artesanais em Lampedusa fugindo das zonas de conflito em África são prova disso, muitos jovens Africanos somente enxergam futuro na imigração, e até hoje muita massa cinzenta que deveria reerguer África e torna-la em um lugar melhor para os Africanos.

E a imagem que África projecta ao mundo, faz descendentes de homens que foram escravizados não se orgulharem das suas raízes ancestrais, e isso vem somado com a propaganda eurocêntrica que descredibiliza África historicamente e a remete a condição de um continente do terceiro mundo, os manuais de história. Europeus cultivam a vergonha histórica na mente dos Africanos através da falta de representatividade Africana nos livros de história, e a falta de orgulho produz baixa auto-estima e vergonha, por isso os filhos da Diáspora Africana não querem ser chamados de Africanos, querem sempre ser chamados de Afro-Brasileiros, Afro-Americanos, Anglófonos, Francófonos, qualquer coisa que os ligue a uma civilização aparentemente desenvolvida nem que a mesma foi responsável pela agressão histórica que em muitos aspectos alterou drasticamente a sua história.

Isso é falta de conhecimento histórico, de consciência histórica, falta de psicologia de grupo e outros aspectos não menos importantes, mas repare, o Floyd Mayweather na América é o Floyd Mayweather , imagina em África quem ele será? Apenas um fracassado, África tem muito atletas excepcionais, que vêm seus talentos morrer a cada nascer do Sol, talentos estes que somente vingam no ocidente, porque África não possui políticas de exploração de talentos, a esta hora o próximo Mayweather deve estar a morrer de fome em um campo de refugiados, ou mesmo numa mina de extracção ilegal de diamantes ou ouro, e assim sonhos líquidos se perdem nesta atmosfera.  

O que o Mayweather espelha em sua entrevista é apenas a sua gratidão pela América, e acredite se África estivesse bem, ele espalharia a mesma gratidão por África, pois é doloroso você doar milhões de dólares a governos Africanos, cujos filhos de dirigentes Africanos pagam milhões para estar na fila da frente do combate do próprio Mayweather para assisti-lo, é um contraste aberrante que de qualquer forma rouba a sensibilidade de atletas Africanos bem pagos na Europa e na América em investir em África. 

Eu começo a achar normal a negação que os filhos Africanos na diáspora fazem com relação a África, se África tivesse seguindo o seu caminho, estivesse se desenvolvendo, com governos justos e transparentes, existisse respeito pelos direitos civis e humanos, uma democracia sólida, penso que se África tivesse no topo do mundo, seus filhos paridos na diáspora encontrariam seu caminho para casa, estariam voltando a todo momento, pois África tem um potencial único no planeta, seus povos e suas culturas são prova disso, o contributo que diversos negros inviabilizados pela história escrita pelos manuais eurocêntricos, mostram capacidade intelectual sem precedentes, negros inventaram quase tudo, seu contributo nas modernas sociedades não pode ser questionado, mas onde estamos nós actualmente? 

Imagina o filho do ditador Obiang Nguema a tchillar no mesmo clube em privado onde o esta também o pugilista Mayweather e a pagar as contas do Mayweather por exibição, o Mantorras hoje a pensar em enviar dinheiro ao Governo para alguma ajuda humanitária da febre-amarela, e encontrar a Isabel dos Santos a tchilar em sítios onde ele nunca entrou? Eu sei que você entende a psicologia que se cria em torno destes Africanos que venceram na Europa e na América, actualmente os filhos de dirigentes Africanos ostentam pela Europa, enquanto em seus países de origem e seus povos morrem de fome e de toda miséria disponível, e aí se você for o Mayweather, você acaba desencorajado entendeu? Pensa comigo, você acha que o Will Smith seria capaz de doar dinheiro para Angola para alguma causa humanitária, depois de ver o filho do Presidente José Eduardo dos Santos, a gastar meio milhão de euros em um relógio?

Pense nisso...

Isidro Fortunato Fortunato

O Afrocrata

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