A missão de observadores da União Europeia (UE) para as eleições no Gabão anunciou ontem ter encontrado anomalias nos resultados na região de Haut-Ogooue, província natal do presidente Ali Bongo e onde o chefe de Estado obteve 95,46 por cento dos votos as eleições presidenciais de 27 de Agosto.
De acordo com a BBC, que cita a Reuters, os observadores da UE consideram que há uma “anomalia clara” na taxa de participação de 99,93 por cento.
Aparentemente, tanto a percentagem de votantes que acederam às urnas, tal como o resultado final foram inflacionados para permitir a Bongo conseguir a sua reeleição, derrotando por uma margem de pouco mais de cinco mil votos Jean Ping, o candidato da oposição.
Ping e os seus apoiantes reclamaram perante aquilo que chamam de fraude eleitoral. Confrontos violentos e prisões em massa marcaram os dias imediatamente a seguir às eleições. Pelo menos seis pessoas morreram.
Na segunda-feira, o ministro da Justiça, Seraphin Moundounga, demitiu-se como protesto pela falta de resposta do governo aos protestos na rua.
Tendo percebido que o governo não estava a responder às preocupações sobre a necessidade de paz e consolidação da democracia, decidi abandonar as minhas funções de membro do governo”, afirmou, citado pela Al Jazeera.
UE, França e Estados Unidos solicitaram que fossem tornados públicos os resultados por assembleia de voto, sem, no entanto, pedir uma recontagem dos votos.
O candidato presidencial derrotado pediu uma greve geral para forçar à saída “do tirano”. “Não podemos aceitar que a nossa gente seja morta como animais sem reagir. Proponho cessar toda a actividade e iniciar uma greve geral. Temos de usar todos os meios de resistência para derrubar este tirano e, acreditem no que vos digo, ele está à beira de cair”, disse Ping, também citado pela Al Jazeera.