Meninas praticam menos exercícios
Estudo mostra que jovens em especial as meninas de vários países do mundo praticam menos actividade física que o recomendado.

P U B L I C I D A D E

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Os malefícios do sedentarismo são bastante conhecidos da Medicina. A inactividade está relacionada a vários tipos de cancro, hipertensão, obesidade, enfarto, AVC, diabetes, problemas músculo-esquelético como osteoporose, entre outras enfermidades. Por outro lado, a ciência descobre, a cada ano, mais benefícios dos exercícios físicos para a saúde física e mental.

Quando iniciada na infância e na adolescência, a actividade física, segundo vários estudos, traz benefícios cardiorrespiratórios, musculares e ósseos, ajuda a controlar o peso e tem impacto positivo no desenvolvimento cognitivo e no comportamento social. Os exercícios na juventude trazem resultados positivos que perduram na vida adulta.

Assim, o estudo publicado em 21/11/2019 na revista “The Lancet – Child & Adolescentes Health Journal” e conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com 1,6 milhão de jovens de 11 a 17 anos de 146 países traz más notícias. No mundo todo, 81% dos adolescentes que frequentam as escolas não fazem actividade física suficiente.

A OMS recomenda que adolescentes pratiquem ao menos 60 minutos de actividade física moderada ou intensa cinco vezes por semana. Apenas 2 em cada 10 adolescente do mundo cumprem a recomendação da entidade.

Os pesquisadores da OMS não indicam as razões específicas para o alto número de jovens sedentários, mas apontam algumas possibilidades.

Em Abril de 2019, a OMS lançou directrizes para orientar os pais quanto aos riscos da exposição excessiva de crianças pequenas a aparelhos digitais, chegando a contra-indicar totalmente o uso desses dispositivos por crianças com menos de 1 ano de idade.

Um dos motivos da preocupação da organização é exactamente o sedentarismo. Outro estudo, lançado pela American Heart Association em 2018, já havia alertado para o aumento do sedentarismo e da obesidade em crianças e adolescentes, que costumam passar cerca de 8 horas diárias em actividades sedentárias, a maioria (envolvendo) aparelhos digitais como tablets e celulares.

Outra razão considerada pelos especialistas da OMS é a falta de estímulo à actividade física em ambiente escolar. A maioria das escolas oferece poucas horas de actividade física, livre ou dirigida, em seu currículo.

A falta de políticas públicas de segurança e de planejamento urbano em muitas cidades também pode ser um dos motivos que afastem jovens de actividades nas ruas, como caminhadas e bicicleta.

Para uma das coordenadoras do estudo, Dra. Fiona Bull, é preciso investir em políticas públicas que incentivem todas as formas de exercícios físicos, e tanto a família quanto a escola e as autoridades políticas devem se envolver em políticas e acções de estímulo a esse tipo de actividade. “Inclusive através da educação física que desenvolva a alfabetização física, de mais desportos, brincadeiras activas e oportunidades de recreação, além de proporcionar ambientes seguros para que jovens possam andar e pedalar sozinhos”, afirma.

Para os pesquisadores e especialistas em saúde, investir no estímulo à prática de exercícios físicos é investir em prevenção de doenças crónicas, diminuindo, consequentemente, os custos dos sistemas de saúde.

Um dado da pesquisa atraiu a atenção dos pesquisadores da OMS. Quando separados por género, o número de meninas sedentárias supera o de meninos inactivos em todos os países pesquisados, com excepção de quatro regiões (Zâmbia, Samoa, Tonga e Afeganistão). Essa diferença não parece, segundo o estudo, sofrer influência de factores económicos, e tanto países menos desenvolvidos, como Armênia, Senegal e Albânia, quanto países mais economicamente desenvolvidos, como França, Austrália e Finlândia, apresentam diferenças de género.

Nos Estados Unidos, por exemplo, 64% dos meninos de 11 a 17 anos fazem menos exercícios físicos que o recomendado, ao passo que entre as meninas, 80,5% são inactivas. No Reino Unido, a diferença entre os géneros é de pouco mais de 11%.

A ideia de que meninos são mais agitados e activos que meninas é ensinada desde a mais tenra infância. Por outro lado, é comum que meninas recebam estímulos para realizar brincadeiras mais calmas, como brincar de boneca e de casinha. Já meninos ganham brinquedos como bola, espadas e skate ainda bem pequenos, e com mais frequência aprendem a gostar de esportes colectivos como futebol.

Essa diferença de estímulo também é levantada pelos pesquisadores da OMS, que citam projectos como o This Girl Can (“Esta Menina Consegue”, em tradução livre), do Reino Unido, como iniciativas bem-sucedidas para tornar meninas e mulheres adultas mais fisicamente activas.

Nos Estados Unidos, a ampla cobertura de eventos desportivos por parte da mídia, a alta incidência de clubes desportivos com infra-estrutura que oferecem actividades acessíveis e a grande quantidade de desportos colectivos organizados são apontadas como medidas que tornam a taxa de meninos activos uma das maiores entre os países pesquisados. Infelizmente, as jovens americanas não recebem os mesmos incentivos, e isso se reflecte na alta taxa de meninas inactivas ou pouco activas no país norte-americano.

DRAUZIO

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