Luanda Leaks revela como Isabel desviou milhões de dólares da Sonangol para Dubai
Documentos e testemunhos obtidos numa investigação Expresso/SIC, coordenada pelo consórcio ICIJ e com a participação de mais 34 órgãos de comunicação social de todo o mundo, mostram como isso envolveu um contrato celebrado no Reino Unido e teve a cumplicidade de vários portugueses, incluindo do actual chairman da NOS, o advogado Jorge Brito Pereira.

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No intervalo de apenas seis meses, de maio a Novembro de 2017, no último terço do seu mandato à frente da Sonangol, Isabel dos Santos fez com que a petrolífera estatal angolana para a qual tinha sido nomeada pelo pai, quando José Eduardo dos Santos era ainda presidente de Angola, transferisse pelo menos 115 milhões de dólares de fundos públicos para o Dubai.

Justificadas como pagamento de serviços de consultoria prestados à Sonangol, essas transferências tiveram como destino uma conta bancária de uma companhia offshore, a Matter Business Solutions, controlada pelo principal advogado da empresária angolana, o português Jorge Brito Pereira, sócio da Uría Menéndez, o escritório de Proença de Carvalho.

A companhia offshore do Dubai contratada por Isabel dos Santos enquanto presidente do conselho de administração da petrolífera estatal angolana tinha, além disso, como director o seu principal gestor de negócios, Mário Leite da Silva, e também como directora e única accionista declarada às autoridades do Dubai a portuguesa Paula Oliveira, amiga próxima e sócia da filha do ex-chefe de Estado angolano noutras sociedades.

Apesar de ter sido a amiga e sócia a dar-se como dona, despesas feitas no verão de 2016 para a constituição da Matter Business Solutions naquela cidade dos Emirados Árabes Unidos foram suportadas por uma empresa da filha de José Eduardo dos Santos.

Actual chairman da empresa de telecomunicações NOS, Jorge Brito Pereira é ainda administrador da joalharia suíça De Grisogono e presidente da assembleia geral de várias instituições, incluindo a Efacec Power Solutions e os bancos BIC e BFA, onde representa em todas elas os interesses da empresária angolana e do seu marido, Sindika Dokolo.

Esta e outras revelações fazem parte do Luanda Leaks, uma extensa investigação Expresso/SIC feita em equipa ao longo dos últimos oito meses com mais de 120 jornalistas do “Guardian”, da BBC, da televisão pública americana PBS, do “New York Times” e de mais 31 órgãos de comunicação social, e que foi coordenada pelo ICIJ, o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, uma organização sem fins lucrativos conhecida por ter desenvolvido nos últimos anos projectos como os Panama Papers e os Paradise Papers.

Fonte: Expesso / Angola 24 Horas

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