Livro descreve Savimbi como um «predador sexual»
Na "Heroínas da Dignidade", obra lançada semana passada pela jornalista Florbela Catarina Malaquias, Savimbi é colocado ao nível de Adolf Hitler, Josef Stalin, Mao Tsé Tung, entre outras figuras responsáveis pela morte de uma série de pessoas.

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 Segundo o livro Savimbi, é responsável pelas mortes de muitas pessoas, muitas vezes da mesma família, dos avós aos netos, passando por pais, filhos e sobrinhos. São os casos das famílias Tchingunji, onde houve membros com cinco filhos, entre os quais gémeos, todos mortos, membros, e a família Chindondo, por exemplo.

A lista de assassinatos é longa e difícil, senão impossível enumerar, que inclui ainda esposas, mulheres estupradas, altos dirigentes do partido, esposa de N'Zau Puna, um dos braços direitos, e o padre Afonso Calale, autor do hino da UNITA, acusado de desqualificar os poemas de Savimbi, como conta a autora. "Como explicar os louvores a um ser desse jaez?, questiona Bela Malaquias, para quem "por muito menos, assassino com este perfil foi qualificados de serial killers".

Bela Malaquias questiona ainda como pode um homem dizimar toda uma família, dos avós aos netos, genros e noras, ou entender a eliminação de correligionários por alguém que aparentava sinais gregários. "Na verdade, Savimbi era um predador social cruel, vazio de sentimento de remorso e de culpa, que foi deixando um longo rastro de destruição de projectos e de vidas, como todo psicopata".

Há um elemento novo nessa obra, que não encontro nas obras de Sakala, Jardo, N'puna, Chiwale, Samakiva, nem nas de Numa, Valentim, que tive a oportunidade de degustar. Afinal, durante as caminhadas a pé, várias pessoas, sobretudo mulheres, eram mortas sempre que se sentissem fragilizadas e não houvesse outra forma de as levar. O problema era resolvido com um tiro.

Bela Malaquias fala de 50 mulheres que foram atiradas à fogueira, acusadas pelo velho Jonas de bruxaria. O velho Jonas mandou convocar toda a população para assistir ao acto. E as mulheres foram se posicionando ao meio à medida que eram chamadas. Savimbi tinha uma lista na mão. Depois foram atiradas ao fogo. No desespero, isto já na obra de Valentim, uma delas disse ao Savimbi: "nunca chegarás ao poder".

A obra descreve o velho Jonas como um verdadeiro "predador sexual", ngombidi da primeira categoria. Dizia ele, "tenho que ter todo o tipo de mulheres, de todas as províncias e famílias porque elas são um factor de mobilização, mas não posso ter filhos mulatos". Tina ficou grávida. Era mulata. Foi fuzilada.

No início da caminhada muitas mulheres não aceitavam satisfazer os apetites sexuais dos chefes, situação que levou mesmo Savimbi reunir com as moças para que aceitassem ser dormidas. "Vocês têm a obrigação de apoiar (entenda-se aceitar ser dormida) os mais velhos e soldados", disse às mulheres. Era um "predador sexual compulsivo. As mulheres, muitas delas mães de família, eram compelidas a comparecer nos aposentos, algumas com as filhas.

Nestas ocasiões, o velho guerreiro era encontrado envergado ou embriagado. Eram sessões onde corria álcool e droga. Então exprimia os seus medos e raivas. Chorava. Quando se excedesse, o seu médico, Carlos Morgado, falecido há pouco tempo em Luanda, ajudava-o a recuperar dos narcóticos. Apesar de que as obras se complementam, nesta, a autora afirma que recorria aos kimbandas e dizia que o líder africano tem de recorrer a isso, do contrário não triunfa". Ate ao momento, das várias obras que li, esta é a única que cita Savimbi como amante de forças ocultas.

A obra tem elementos novos, se comparada às acima citadas, sobre a figura de Jonas savimbi, sendo igualmente trazidos por alguém que não ouviu falar, mas viveu. Mas aviso já: não é para cardíacos!

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