João Soares VS António Luvualu de Carvalho
A situação socio-política de Angola foi discutido esta sexta-feira à noite em Lisboa, num frente a frente entre o socialista João Soares e o embaixador itinerante António Luvualu de Carvalho
O País

Organizado pela Rádio Televisão Portuguesa (RTP), o debate surge a propósito de um relatório da Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch que acusa as autoridades do país liderado por José Eduardo dos Santos de uso de força excessiva e de outras violações dos direitos humanos, bem como de "violar amplamente a liberdade de expressão".

Tais ideias foram rejeitadas por Luvualu de Carvalho e reconheceu que "Angola não é um país perfeito", o embaixador angolano sublinhou que o país "é uma democracia" permanentemente alvo de casos que são empolados pela comunicação social internacional especialmente portuguesa.

Durante a sua abordagem, disse, há que "derrotar alguns mitos que muitas vezes passam". Mitos que se criam, disse, porque "há uma preocupação mórbida de Portugal sobre Angola".

Do lado oposto esteve João Soares, que ao longo do debate frisou várias vezes que "é altura de o Presidente José Eduardo dos Santos se ir embora". 

E propôs o seguinte:

Faço um desafio, ao próprio presidente José Eduardo dos Santos - é altura de o deixarem ir-se embora. Deixem o senhor reformar-se e ponham a democracia a funcionar em pleno, afirmou.

Pois para Soares, "não há nenhum país democrático onde alguém esteja no poder durante 37 anos. É impossível".

Imprensa livre em Angola

João Soares vai mais aprofunda a explanação de diz "Angola tem de ter imprensa livre, debate democrático... você não têm, infelizmente", afirmou o socialista, dirigindo-se diretamente a Luvualu de Carvalho.

Em resposta, o embaixador garantiu que "a imprensa em Angola é livre" e que "há outros jornais" além do Jornal de Angola que João Soares classifica como jornal do regime.

Quanto à liberdade política no país, o embaixador defendeu que após um processo de transição de partido único para o multipartidarismo as eleições realizadas foram "livres e justas".

Referindo que "Processos perfeitos não existem", mas sublinhou que os observadores internacionais que acompanharam os escrutínios de 1992, 2008 e 2012 consideraram-nos válidos.

Disse ainda que também no interior do MPLA, existe hoje espírito democrático. "As eleições no congresso do MPLA que decorreu na semana passada e reelegeu José Eduardo dos Santos, candidato único - foram exemplares, pela primeira vez com voto eletrônico", afirmou. "É este o espírito com que estamos a preparar as eleições de 2017, para garantir um processo livre e transparente".

Argumentos que não convenceram João Soares: "Acha possível que ao fim de 37 anos de poder nem uma das províncias de Angola tenha um governo que não seja do MPLA?", questionou.

Tendo reconhecido que "as questões de Angola são vistas em Portugal com imensa paixão", Soares ressalvou: "Não é uma paixão contra Angola, é uma paixão por Angola".

Pelo que, concluiu: "Quero para Angola aquilo que quisemos para nós antes de o 25 de Abril".

DN

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