A posição foi transmitida numa declaração emitida pela Televisão Pública de Angola (TPA), na sequência do comunicado emitido sexta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores, classificando como “inamistosa e despropositada” a forma como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação do Ministério Público de Portugal ao vice-presidente de Angola.
“Nestas coisas deviam haver bom senso, recato e ter cuidado para não serem afectadas as relações entre Portugal e países amigos, como é de Angola”, afirmou o antigo governante português.
“E se bem que em Portugal, como sabemos, o poder judicial é independente do poder político, a minha opinião é que os agentes judiciários, independentemente de levarem a cabo as acções que acham que devem levar a cabo, deviam ter em consideração que mandar para a praça pública, ou mandar soltar para a imprensa, este tipo de notícias, pode afectar as relações entre Portugal e um país amigo, como é o caso de Angola, um país importante para a economia portuguesa e um país no qual vivem cerca de 200 mil portugueses”, recordou.
António Martins da Cruz, chefe da diplomacia portuguesa entre 2002 e 2003, defende, nas declarações emitidas pela televisão estatal angolana, que a necessidade de gerir este caso com cuidado.
“Eu acho que deveria haver cuidado porque, de facto, o caso ainda nem sequer foi julgado, foi objecto de uma primeira consideração por parte do Ministério Público, portanto devia estar em segredo de justiça, devia estar no recato dos tribunais, e não nas bocas da opinião pública e nas primeiras páginas dos jornais”, concluiu o antigo ministro de Portugal, receando o efeito de uma condenação prévia do vice-presidente angolano na praça pública.