Corrupção enferma ensino primário em Angola
O ensino primário em Angola é obrigatório e gratuito, de acordo com o previsto na lei. Mas há encarregados de educação que são obrigados a pagar 60 mil kwanzas, para garantir um lugar para os seus educandos nas escolas públicas.
DR

"Muitas vezes, nos deparamos com situações em que temos que arranjar cinquenta à sessenta mil kwansas para conseguir uma vaga. Então não se pode dizer que o ensino em Angola é gratuito", revela entristecido Celestino Tchivela em declarações a DW África.

Ainda há cidadãos que queixam-se de vendas de vagas, por parte de alguns responsáveis de escolas públicas, alegando que as autoridades mesmo sabendo da denúncia, nada têm feito.

"A polícia, onde podíamos ter ido, mesmo que fossemos lá, eles não resolvem. Se calhar, te ouvem e depois fica tudo por aí, e você pensa que vai ser resolvido. Então, algumas vezes ficamos com preguiça e ficamos em casa”, contou Vitória Sacutala.

Por outro lado, o gestor escolar Miguel de Lima negou haver venda de vagas no sector da educação, admitindo apenas a existência de pressões, vindas de vários sectores, que solicitam espaços para os seus educandos, o que, nalguns casos, cria transtornos às escolas.

"Há tempos esteve um cidadão na escola que eu dirijo, para pedir uma vaga e eu, orientei-o para que seguisse as normas, este cidadão, simplesmente disse na minha cara: eu sou militante do partido x, tenho 60 anos de militância no partido x, tenho que ter um lugar nesta escola”, disse Miguel de Lima.

Um outro encarregado de educação diz que é preciso resolver esta situação o mais depressa possível, para que haja igualdade de oportunidades, e todas as crianças angolanas possam ser preparadas para a vida activa da melhor forma.

"Você como encarregado de educação, tenta recorrer a um vaga, te dizem que nós aqui, não temos o uso desta prática, o senhor pode fazer a matrícula do seu filho normalmente, mas depois pedem sempre qualquer coisa. É preciso mais políticas do nosso Governo, com vista a sanar esta situação", frisou um encarregado cujo nome não foi revelado.

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