Angola vai gastar 36 milhões de euros por dia com juros da dívida
O serviço da dívida vai custar aos cofres angolanos mais de 36 milhões de euros por dia em 2017, um aumento de quase 6% face aos dados do Orçamento Geral do Estado (OGE) em vigor.

Segundo a proposta de OGE para 2017, cuja discussão na Assembleia Nacional, em Luanda, decorre até Dezembro, o Governo angolano prevê gastar no próximo ano 31,64% do total de despesas que constam do Orçamento apenas no pagamento do serviço da dívida, interna e externa, no valor de 2,338 biliões de kwanzas (13,1 mil milhões de euros).

Na mesma rubrica, mas no Orçamento em vigor, revisto em Setembro último devido à consecutiva quebra da cotação do barril de crude no mercado internacional, o Governo angolano prevê desembolsar 2,213 biliões de kwanzas (12,4 mil milhões de euros), o que representa 31,8% do total das despesas do Estado em 2016.

O serviço da dívida deverá assim aumentar para o equivalente a 36 milhões de euros por dia em 2017, quando este ano será à volta de 34 milhões de euros por dia.

Só em juros, Angola deverá pagar em 2017 mais de 484,2 mil milhões de kwanzas (2,7 mil milhões de euros) equivalente a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Angola é actualmente o segundo maior produtor de petróleo em África, mas enfrenta desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da forte quebra nas receitas com a exportação de crude.

Neste cenário, para impulsionar a economia e garantir investimento público, Angola tem vindo a aumentar o 'stock' de dívida pública.

O FMI considerou na quarta-feira que a previsão dum défice fiscal angolano de 5,8% PIB em 2017 deixa a economia vulnerável a novas descidas na cotação do petróleo, pressionando a sustentabilidade da dívida pública.

A posição foi assumida pelo economista brasileiro Ricardo Veloso, chefe da missão do FMI que nos últimos 15 dias esteve em Luanda para as reuniões anuais (Artigo IV) com as autoridades angolanas e análise dos principais indicadores da economia nacional, tendo apontando que o Governo deveria "almejar" um défice fiscal não superior a 2,25% do PIB, também em face dos 4% esperados para este ano. 

"A dívida pública [de Angola] deverá vir a exceder 70% do PIB no final de 2016, reflectindo a desvalorização da taxa de câmbio além do défice fiscal projectado. Um défice fiscal da magnitude projectada no projecto de Orçamento para 2017 iria deixar a economia vulnerável a preços de petróleo inferiores ao projectado e aumentar a preocupação quanto à sustentabilidade da dívida pública", disse Ricardo Velloso.

Apesar de "começar a preocupar", a sustentabilidade da dívida pública "não está em causa", para já, acrescentou o chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Nas contas do Governo está inscrito um défice orçamental de 5,8% do PIB no próximo ano, no valor de 1,139 biliões de kwanzas (6,4 mil milhões de euros).

De acordo com as conclusões apresentadas por Ricardo Velloso, a economia angolana deverá crescer 1,25% no próximo ano, abaixo dos 2,1% previstos pelo Governo, insistindo o Fundo na "ausência de crescimento" em 2016.

Lusa/Negócios

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