Para Bonga os angolanos têm de decidir, ‘’temos de ter acoragem de olhar nos olhos uns dos outros”, chamou atenção.
“Os africanos sempre dialogaram. Quando é que deixaram de dialogar? Quando entraram as seitas religiosas, quando entraram as ideologias políticas e quando entraram os armamentos comprados do jeito que a gente sabe?”, questionou. Bonga acrescenta, ‘’actualmente, em Angola, há muita gente a apregoar a paz, mas que contribui para a discórdia, para os conflitos”, observa.
Por outro lado, o músico residente em Portugal há anos, mostrou-se descontente com a exclusão social no país e da atenção exclusiva no sector petrolífero.
“Não estou nada de acordo que haja divisões, no seio da família, no seio do povo, e que uns sejam mais do que os outros, e que as coisas mais importantes do momento sejam a Sonangol e o petróleo”, crítica, referindo as “grandes obras”, edifícios, bancos, hotéis “ só para disfarçar”.
No mesmo diapasão, Bonga defende, ‘’seria principalmente a creche para os kandengues (garotos), a escolarização, a comida para toda agente e a maneira de se diminuir a pobreza, que aumenta muito «complicadamente»”, a merecerem atenção do governo. E acrescenta, “aquela imagem do tá-se bem”, é um termo que eu passei a desgostar. Tá-se bem? Tá-se bem não, tá-se bem mal e às vezes muito mal mesmo”.
Quanto ao julgamento dos 17 activistas que ficaram detidos mais de um ano, “kota” Bonga, como é carinhosamente tratado pelas gerações mais novas, afirma, “dou todo o meu apoio”.
Questionado sobre a escolha do nome para o novo disco, “Recados de fora”, o músico explicou.
“Desde 1972 que ando a mandar recados, derivado da minha vivência em países onde a gente desfrutadas democracias, como França e Portugal”, contou.